Demi Lovato e Nick Jonas são capa da Billboard de Julho e aqui está uma conversa honesta com os astros sobre sobreviver à Disney, sua enorme turnê nova e ascensão ao estrelato nos seus próprios termos. Confira a entrevista completa abaixo:

Tradução e Adaptação: Equipe Demi Lovato Brasil

Embora seja apenas 9h da manhã, Demi Lovato e Nick Jonas já estão discutindo. Eles estão sentados no pomposo hotel Winn, em Las Vegas, numa manhã quente e ensolarada, tomando brunch, e Demi já pediu para pegar um pouco das batatas fritas do prato do amigo para que ela “não se sinta mal consigo mesma”. Quando o garçom chega, Jonas pede um omelete de claras – e então, casualmente, acrescenta: “Sabe de uma coisa? Essas fritas parecem muito boas, talvez eu peça só elas.” Mas Lovato já havia mudado de ideia. “Não, não. Ele não vai ficar com as fritas. Eu estou vigiando o que ele come. De nada, querido.” Ela encosta a mão em apoio no ombro do amigo. Jonas sacode sua cabeça. “Você acabou comigo.”

Lovato e Jonas, ambos com 23 anos de idade, foram crias do Disney Channel, que começaram a trabalhar antes de serem pré-adolescentes e têm cantado e atuado desde então. Cada um, na sua própria maneira, lidou com isso. A experiência de Jonas com os Jonas Brothers deixou-o um pouco “machucado e cansado”, disse o empresário dele e de Lovato, Phill McIntyre. E Demi alcançou a marca de 4 anos sóbria após uma dura batalha contra doenças mentais e vícios. Mas agora, ambos estão no meio do caminho para um segundo ato que, assim como o primeiro, eles vivenciam juntos – mas desta vez nos seus próprios termos. (E não, eles não estão e nem irão namorar.)

“Você os vê como irmãos, às vezes, mais do que Nick e eu,” disse Joe Jonas, que namorou Demi Lovato em 2010. “Eu estou tão orgulho dele, cara. Tenho que ser honesto, fiquei com um pouco de inveja quando o vi alcançar tanto sucesso pessoal. E hoje, ela é a melhor de si mesma que eu já conheci.”Brad Paisley, que recentemente lançou um dueto com Lovato, também se pronunciou: “Nick e Demi são ótimos exemplos de estrelas infantis que crescem com a idade, tornando-se legítimos músicos respeitados. E como todos sabem, nem todo mundo consegui fazer isso.”

Em maio de 2015, a dupla fez uma parceria com Phill McIntyre para lançar a SafeHouse Records, com a ajuda Island. O primeiro lançamento deles foi o 5° álbum de Demi Lovato, “Confident“, que alcançou o segundo lugar na Billboard 200, com o single de estreia “Cool For The Summer”e a levou a crescer até ser a mulher consolidada de “Body Say”. O segundo lançamento, em Junho: o segundo LP de Jonas, após a boyband, “Last Year Was Complicated“, que também alcançou um pico no segundo lugar, liderado pelo R&B de “Close”. Em 29 de junho, a dupla – ela, uma celebridade consolidada querendo se manter atual, ele, se esforçando para provar que homens podem ser bem-sucedidos no pop também – deram início à uma turnê em arenas por 44 cidades, Future Now, “uma noite contínua de músicas”, disse Nick, onde eles revezam o palco, e por vezes, se apresentam juntos.

Esta não é a primeira vez deles juntos na estrada. Lovato se lembra de ficar brava com seu amigo enquanto jogavam um jogo de cartas durante uma turnê, em 2008 e 2009. “Ele apenas falava ‘BS’. E eu: ‘bullshit? (merda?) é isso que você quer dizer?'”. Ela também provoca Jonas no cartaz de Camp Rock, filme do Disney Channel que consolidou sua amizade há quase 10 anos. Hoje, Lovato, que mora em North Hollywood, é totalmente aberta nas redes sociais, falando honestamente sobre suas lutas passadas, mas também alfinetando Taylor Swift sobre feminismo e provocar a ira dos fãs de Mariah Carey por defender Ariana Grande. Enquanto isso, Jonas, que mora em Sherman Oaks, explora as complexidades da masculinidade moderna, tanto como um cantor glamouroso do top 40 e como ator. Ele interpreta um lutador de MMA homossexual na série dramática “Kingdom” e um irmão de fraternidade no sucesso em Sundance, “Goat”, ao lado de James Franco.

Hoje em dia os dois fumam chaturos e bebem drinks, conversam sobre teorias da conspiração, assistem vídeos de comédia (mas não leem muito: “sem livros”, disse Jonas) e ligam um para o outro para desabafarem sobre alguma crise pessoal. Lovato se nega a falar sobre o seu rompimento com Wilmer Valderrama, seu namorado há 6 anos até junho, mas diz que Nick estava lá para ajudá-la e que estiveram fazendo músicas no ônibus da turnê. “Eu trabalho com ele para ser mais vulnerável,” disse Lovato. “Ele está fazendo um ótimo trabalho.” Jonas responde: “Obrigado.”

ENTREVISTA

Demi, você deixou a turnê de 2010 dos Jonas após um infame incidente em que você socou uma de suas dançarinas. Você se abriu com Nick sobre seus problemas?

D: Eu me distanciei enquanto estava me envolvendo com coisas auto-destrutivas.  Após o tratamento, eu tive que tomar um tempo sóbria antes para poder falar sobre isso com ele sem me envergonhar. Nick disse que eu o enviou mensagens mas eu não me lembro de nada. A primeira vez que nos vimos desde aquela turnê, foi durante o meu show no The Greek, em Los Angeles, em 2012.  Nós conversamos antes do show, e então me apresentei. Foi um reencontro emocionante – eu havia ganhado um dos meus melhores amigos de volta.

Nick, o que você achou quando aquilo aconteceu?

N: Que nós iríamos ser processados. Quero dizer, foi uma coisa muito ruim. Prestes a perdermos uma amiga, nós ainda tínhamos 7 shows restantes, era uma grande produção, as pessoas esperavam para ver a Demi e aquilo não ia acontecer. Eu estava bravo porque uma semana antes, eu implorei para ela confiar em mim. Nós conversamos por 2 horas no avião.

D: Jura? Eu não me lembro disso. É lamentável ver que eu tive que passar por aquilo tudo ao invés de aproveitar o que eu tinha na minha frente.

Agora Nick pode beber e você não.

N: Ela deixa eu beber perto dela, mas eu nunca, NUNCA, fico bêbado perto dela.

D: Embora eu gostaria de vê-lo bêbado.

N: Não, você não quer. (Voz firme)

Como vocês ajudam um ao outro quando estão tendo um dia ruim durante a turnê?

N: Meu primeiro instinto é, tipo, “vamos sair da merda”, vamos superar isso. Demi pode sentar lá um pouco mais.

D: As mulheres são mais emocionais e algumas vezes eu só gostaria de ser ouvida. Então, tê-lo para me ouvir é muito útil.

N: Eu estou em um momento bizarro da minha vida onde estou solteiro, mas isso tem sido complicado. E ela adora drama, então eu posso falar sobre meus problemas de namoro sem me sentir mal.

D: Eu fico, tipo, “Entãoooo, qual é a fofoca? Quem é a garota? Me conte tudo!”

Nick, o que você quer dizer com “complicado”?

D: (Interrompendo) Ele é um cara nos seus 20 anos, ele é famoso e gosta de ser divertir bastante. Escute, mesmo quando ele estava namorando, eu falava: “Sai dessa. Você poder pegar quem você quiser agora, então, se diverta e faça isso”.

N: O complicado é que, pelo o que eu ouvi, sou um pouco emocionalmente indisponível.

D: (Suspiros) Eu dou vários conselhos para ele. Nem sempre ele os leva a sério.

Nick, seu rompimento com a modelo e atriz Olivia Culpo é uma grande parte da narrativa de seu novo álbum…

N: Sim. Estou com muita agonia. Estou morrendo por dentro! (Risos)

Quando isso aconteceu, você ligou para Demi?

N: Eu internalizo as coisas, então nós temos uma regra que nós nunca queremos ficar sabendo sobre isso em um tweet ou algo do tipo. Ela acabaria comigo. Ela é a terceira pessoa que eu ligo –  meu pai, Joe, e então Demi. Ela ficou, tipo, “apenas vá, crie e seja livre.” Ela também disse algumas outras coisas…

D: (Risos) Eu falei: “Honestamente, eu não gostava dela mesmo.” Não porque ela era má ou coisa do tipo, mas ele tem um grande senso de humor e eu quero que ele fique com alguém que o faça rir. Eu consigo saber se aconteceu alguma porque ele se fecha.

Demi, você está solteira agora. É muito cedo para pensar em namoro?

D: Não está nos meus planos, mas eu dou boas-vindas para qualquer coisa. Eu vou me divertir. Mas um relacionamento… Eu não vou querer isso por um bom tempo.

Me contem sobre sua amizade antigamente, de quando vocês filmavam Camp Rock.

N: Bem, por alguns anos, havia o lance amoroso entre Joe e Demi, então eu era aquela ponte emocional para os dois. Mas ela e eu éramos produtivos – nós escrevíamos músicas sobre isso. Nos tornamos mais próximos ainda porque a relação não seria romântica.

D: Tem uma música no meu primeiro álbum chamada “Gonna Get Caught” que fala sobre como eu achava que Joe era um jogador. Eu me lembro que estávamos no ônibus escrevendo, e Joe falou: “Acho que deveria ter um final feliz.” E eu: “Não, eu não acho que deve ser assim.” E o pobre Nick estava sentado lá pensando: “O que vamos decidir de verdade por aqui?”

Vocês sabiam quão estranha eram as suas vidas?

D: Nós brincávamos que era o ensino médio da Disney, exceto que nós gravávamos e trabalhávamos excessivamente. Eu brinco que às vezes eu adquiri estresse pós-traumático depois de ter deixado o canal, porque se minha agenda começa a ficar muito agitada, eu me rebelo e fico irritada.

N: (irônico) Não!

D: Vá se ferrar!

Vocês se sentem pressionados pelos adultos em suas vidas?

D: Não pela minha família, mas quando você está em um set, você trabalha como um adulto. Eu sempre quis ser a próxima Shirley Temple, ser a pessoa mais jovem a ganhar um Grammy e um Oscar. Isso não aconteceu dessa forma. Eu não me arrependo, mas certamente não vou permitir que meus filhos entrem nessa indústria sem que seja do jeito deles.

N: Eu tenho pais musicais, e meu pai estava sempre encorajando, mas o desejo de subir no palco e me apresentar veio de mim mesmo. Eu nunca forçaria os meus futuros filhos.

Vamos falar de política. Vocês são suuuuuper apoiadores do Trump, certo?

N: (Risos) Eu mantenho meus ideais políticos para mim mesmo. Ambos viemos de famílias conservadoras com uma linha religiosa, mas nós dois evoluímos um pouco na maneira de como vemos o mundo. (Para Lovato) Hmm, você não gostaria de nos falar sobre Hillary Clinton?

D: Quando eu lidei com meus problemas, eu percebei que foi por um motivo – fazer a diferença. Eu posso compartilhar a minha história um milhão de vezes, mas não é tão tangível como ir para o Congresso. Hillary apoia o tratamento das doenças mentais e, sim, eu sou uma democrata.

Demi, você já teve a sua cota de brigas no Twitter, mas Nick parece viver livre de drama. Algum conselho para sua amiga, Nick?

D: Ficar com a minha boca fechada?

Você, recentemente, defendeu Ariana Grande às custas de Mariah Carey. Você foi procurada por ela ou seus representantes? 

D: Não. (Risos). Aposto que ela está sentada em discos de diamante não ligando para o que eu falo. Tudo bem. Eu mesma não ligo para o que eu tenho a dizer. É por isso que apenas falo.

Vocês são aliados visíveis das causas LGBTQ, mas algumas pessoas dizem que vocês estão amarrando a comunidade ao longo base de fãs. Isso é injusto?

N: Claro que sim. Pense sobre meu passado e onde meu amor por apresentações vem – teatro musical. E interpretar esse lutador gay em um mundo muito masculino para “Kingdom”, isso me requer muita profundeza e faço isso com muito respeito.

D: Para mim, é um pouco pessoal. É óbvio o que a minha música [Cool For The Summer] é sobre. Só porque eu nunca falei nada [sobre ter experiências com mulheres], não quer dizer que eu estou experimentando.

Nick, você participou da vigília no Stonewall depois da tragédia em Orlando e foi criticado. 

N: Eu não mudaria nada. Esse é um momento – e em geral, no tempo que estamos vivendo neste país – onde a união, apoio e levantar nossas mãos  e dizer que podemos fazer a diferença é o mais importante, então, é uma vergonha quando as pessoas mudam o foco de algo assim.

Nick, você vai para a faculdade em “Goat”, mas nenhum de vocês dois foram na vida real. Se vocês fossem, seriam companheiros de quarto?

D: Isso seria estranho, porque não quero vê-lo transando com outras pessoas.

N: Não. Depois de “Goat”, eu faria de tudo para morar longe do campus da faculdade.

D: Eu queria ter meu próprio apartamento com 5 anos e minha mãe disse não.

N: Me pergunto o porquê.

D: Mesmo antigamente eu queria meu próprio espaço, então eu não acho que dividir um quarto seria bom para eu dividir com outra pessoa.